Sobre mim

Professora de formação. Viajante de coração.
Meus caminhos pelo mundo são feitos de história, poesia e felicidade. Descubro lugares e me descubro através das viagens.
Como diz o velho ditado: A gente só leva da vida a vida que a gente leva.

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segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Rouen: a cidade de Joana D`Arc

Bonjour, amigos!

Sábado fui à uma cidadezinha aqui perto de Paris chamada Rouen. Ela ficou famosa por ter sido o local onde Joana D'Arc foi queimada.
O passeio começa na Gare Sait Lazare, em Paris (se for de metrô, ao saltar na estação Gare Saint Lazare, que é a última da linha 14, você terá de seguir as placas que dizem “trains grandes lignes” pois é preciso sair da estação de metrô para poder entrar na Gare, que fica ao lado.) Ao sair você verá um stand da SNCF que é onde se compra a passagem. Peça Rouen Rive Droite para poder saltar na estação correta (comprei “aller et retour”= ida e volta por 42 euros. Dizem que há promoções se comprar antes, pela internet), aí é só esperar o número do “voie” (plataforma) aparecer no quadro de “départs” (partidas), compostar o bilhete na máquina amarela na frente da plataforma e entrar no trem. 1h20 depois você chegará a Rouen. Na Gare de lá não há informações turísticas, mas há um pequeno balcão de informações onde peguei uma xerox de um pequeno mapa e perguntei para que lado era a rua principal chamada Rue Jeanne D'Arc (original, não?) e como eu chegava na Catedral de Notre Dame de Rouen, onde se pode conseguir gratuitamente o mapa turístico da cidade.



Fui seguindo a Rue Jeanne D'Arc e, logo no início, a esquerda, vi a Torre Jeanne D'Arc que foi o local onde a heroína ficou presa até ser queimada. Tive que parar e entrar! Descobri que essa torre foi o que sobrou de um castelo que havia sido construído, em 1204, sobre ruínas de um anfiteatro galo-romano do século II d.C., contudo, no século XVI, depois de ser parcialmente destruído por um incêndio e por conta de algumas disputas religiosas, foi ordenada a demolição do castelo. O que restou dele foi a Torre, com 35 metros de altura e mais de 100 degraus para subir.




São 3 pavimentos. Todos contando um pouco da história de Joana D'Arc e de como ela se tornou o mito que é hoje. O ingresso custa 1,50 e é uma visita bem interessante, principalmente para quem gosta dessa parte da história da França!



Saí da Torre e voltei para a rua principal. A arquitetura da cidade é bonita, bem no estilo normando, com aquelas fachadas vermelhas que a gente vê em livros. Até a livraria da cidade é uma atração arquitetônica! Passei por um parque muito simpático com um laguinho com cachoeira e cisnes. Encantador!


Parei em uma Boulangerie (uma mistura de padaria, confeitaria e café) chamada “Paul”, que tem filiais em Paris também, e comi uma tortinha de framboesa (deliciosa!!!) acompanhada de um cappuccino. Andei mais um pouco e vi, também a esquerda, o Palais de la Justice. Um prédio lindo!!!



Continuando pela rua principal, de repente, a esquerda (sempre!) apareceu a famosa Torre do Relógio. Fascinante! O relógio marca a hora, o dia da semana e a fase da lua.


Se você entrar nessa rua da Torre (rue du Gros Horloge) e passar por baixo da Torre do Relógio vai chegar a Catedral de Notre Dame de Rouen, que foi imortalizada nas pinturas de Monet. Dizem que é a mais bonita da França. Realmente ela é belíssima, mas ainda gosto mais da de Paris. Seu estilo é bem gótico e seu interior é gigantesco. E lindo! Uns vitrais de tirar o fôlego, pena que as fotos não conseguem dar essa dimensão.




Saí de lá e, logo em frente, há um Office de Tourisme, onde se pode pegar o mapa da cidade. Há versões em inglês e espanhol. Através do mapa descobri que, voltando para o outro lado da rua do relógio, pode-se ver um Museu dedicado a Joana D'Arc. Quando eu cheguei na frente do museu, achei que era só uma lojinha de souvenirs, mas o museu fica dentro dela. A entrada custa 4 euros. Ali se pode ouvir a história da vida da heroína (desde o início, quando ela recebeu o primeiro chamado até sua morte na fogueira em 1431) através de vários bonecos de cera com audio em inglês, francês, italiano e alemão. E só! Nada de espanhol. Português, então, nem pensar! Nessas horas eu agradeço ter feito curso de francês.




Eu adorei o museu. Fiquei quase duas horas lá e ele nem é tão grande. Em frente ao Museu existe uma Igreja (adivinhem o nome dela?) que foi construída no local onde Joana D'Arc foi queimada. Inclusive, do lado de fora, há uma estátua dela, em tamanho natural, no lugar exato onde ela foi morta. Através de escavações, descobriram que ali era o velho mercado, onde, em épocas remotas, os condenados eram expostos à vergonha pública e eram mortos, por enforcamento ou queimados. A Igreja tem um design super moderno e foi inaugurada em 1979. Seu arquiteto quis dar ao seu interior a forma de um barco, há pequenos vidros em formato de peixe. O exterior lembra vagamente um elmo, usado por Joana D'Arc nas guerras. Há vitrais que vieram da Igreja de São Vicente, cujas ruínas podem ser vistas em um canto da Igreja. Quem diria que uma mulher que foi queimada como herege viraria santa canonizada pela Igreja e tudo!




Ainda havia mais coisas para ver na cidade, mas eu estava cansada e queria voltar para casa para arrumar as malas, afinal, domingo, eu teria de sair do apto e tinha que deixar tudo em ordem. Então, voltei para a Gare, comi algo por lá mesmo e peguei o trem para Paris. A volta foi mais rápida e em uma hora eu já estava na Gare Saint Lazare. Ir a Rouen é um passeio para quem passa mais tempo aqui em Paris ou para quem não está vindo pela primeira vez. Passei uma tarde bem agradável e, de quebra, ainda aprendi um monte de coisa sobre a vida dessa mulher que foi tão importante para a História da França.

A Bientôt!

VIAGEM REALIZADA EM AGOSTO/SETEMBRO DE 2010

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

As Catacumbas de Paris, um museu macabro e interessante

Bonjour, amigos!

Hoje, finalmente, fiz o passeio macabro às Catacumbas de Paris. Posso dizer que esse foi o museu mais estranho que já visitei! Comecei pegando o metrô até a estação Denfet-Rochereau. Na saída há um enorme leão de bronze feito pelo mesmo escultor da estátua da Liberdade: Bartholdi. Logo ali em frente está a entrada para as Catacumbas. O ingresso custa 8 euros. Há 130 degraus para descer e 83 para subir. Faz, em média, 14 graus lá embaixo.  São 2 km de percurso, que leva mais ou menos 45 minutos para ser percorrido e não é um passeio aconselhável aos claustrofóbicos. Conta a lenda que, no século XIX, os visitantes recebiam uma vela e seguiam uma linha preta pintada no teto. Hoje o percurso é iluminado e há setas marcando o caminho.




As Catacumbas ficam dentro de uma pedreira e a primeira parte do túnel é feito com muros de pedra que sustentam o teto da pedreira, já a segunda parte é lavrada diretamente na pedra. Uma das primeiras câmaras onde se chega é aquela chamada de “Atelier”. Aqui eram realizadas reuniões clandestinas de bruxas, contrabandistas e sociedades secretas desde o século XVIII. Na época da Segunda Grande Guerra, a Resistência Francesa montou seu quartel-general aqui.





Há uma parte que está interditada com fitas, para mostrar que foi ali que aconteceu um desabamento, na época em que funcionava a pedreira, e um trabalhador, chamado Ducure, morreu.


Anda-se bastante até se chegar ao ossário. Logo na entrada há a inscrição: “Pare! Aqui é o império da morte!” e lá dentro não é possível tirar fotos com flash para não danificar os ossos (?). Acredita-se que a ossada de mais de 6 milhões de parisienses esteja aqui, a maioria vinda do “Cemitério dos Inocentes”, chamado assim porque, na época da Revolução Francesa, as pessoas mortas eram colocadas ali para apodrecerem. No início, os ossos eram apenas empilhados nas catacumbas. Mas foi por ordem de Napoleão que eles foram arrumados na forma de mosaico que vemos hoje.



Há também os restos trazidos do “Cemitério da Madelaine”, que ficava perto da Place de la Concorde e para onde iam os corpos dos guilhotinados, por isso, provavelmente, estão entre eles os ossos de Danton, Robespierre, Louis XVI e Maria Antonieta. Não se sabe ao certo porque os guilhotinados eram colocados para apodrecer em uma vala comum, até mesmo o rei que foi morto como nobre, depois foi colocado junto com os plebeus.


Andando mais um pouco chega-se à Fontaine de la Samaritaine (câmara do Poço). Era um poço feito para oferecer água aos trabalhadores da pedreira, mas foi apelidado de “Banho de pés”, pois como não tinha como enxergar no escuro, toda hora as pessoas colocavam os pés dentro do poço.


Há uma cripta que foi usada como Igreja (chamada de Sacellum) e onde havia missa regularmente. Dizem que em 2 de abril de 1897 aconteceu aqui um concerto clandestino com várias marchas fúnebres. Dizem também que o rei Carlos X oferecia aqui jantares secretos. Esses muros guardam muitos mistérios...


Mais alguns minutos de caminhada e chega-se ao monumento chamado de “La lampe sépucrale” (A lâmpada sepucral), que foi o primeiro monumento das Catacumbas, onde, originalmente, ardia um braseiro para melhorar a circulação de ar.


Na última parte do túnel, olhando para cima, pode-se perceber uma câmara em forma de sino, que é o resultado do afundamento gradual do solo. Dizem que esse tipo de formação é muito perigosa, pois, como não é detectada da superfície, um carro que passe pela camada fina pode cair até 30 metros! O último desabamento ocorreu em 1995.


Ao chegar na saída, ali está a escada em caracol com 83 degraus gigantescos para subir. Há uma placa dizendo para se subir devagar. Foi o que eu fiz.



A saída é pela rua Remy-Dumoncel, onde, na outra calçada há uma lojinha de souvenirs das Catacumbas com esqueletos de borracha e coisas do gênero. O dono fala português! Aproveitei para pedir a ele algumas informações de o que fazer por ali e ele me indicou um belo parque chamado Montsouris, onde as pessoas vão para ler, descansar, tomar sol (praia de parisiense é parque!), fazer piquenique e conversar. É um local bem agradável.

Dali votei até o metrô e fui ao Café de la Paix, um famoso (e chique!) café parisiense, onde tomei um capuccino e comi uma bomba de chocolate.



Depois fui andando até a Place Vendôme, uma praça inaugurada em 1699 em cujo centro há uma coluna, chamada coluna Vendôme (que original!) erguida no século XIX como tributo a Napoleão.


Dali, a pé, rapidinho já se chega ao Jardin de Tuileries, lindo, lindo! E dali até o Louvre é um pulinho. Aproveitei para tirar mais fotos da pirâmide do Louvre, dessa vez, durante o dia.



Voltei andando para casa e tirando lindas fotos, afinal, Paris no fim do dia tem uma luminosidade única e hoje, particularmente, as cores estavam especiais! Vi o belo pôr do sol da Pont Neuf (que apesar de se chamar “Ponte nova” é a mais antiga da cidade) e passei pela simpática Praça Dauphine.



E como não poderia deixar de ser, antes de ir embora, dei uma passadinha na Notre Dame só para dar uma olhada e tirar mais algumas fotos dessa Igreja que não canso de fotografar!


No fim, ainda deu tempo de passar no supermercado e vir para casa para tomar banho, comer e dormir!
A Bientôt!

VIAGEM REALIZADA EM AGOSTO/SETEMBRO DE 2010

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

La Villette, um bairro moderno em Paris

Bonjour, amigos!

Hoje fui ao Parque de La Villette, que fica um bairro afastado de Paris, e possui jardins planejados e dois complexos: a cidade das ciências e indústria e a cidade da música (agora eu sei de onde o César Maia tirou a ideia de fazer uma dessas no Rio de Janeiro). Chega-se lá de metrô e é bem fácil. Saltei na estação Porte de Pantin, que fica defronte a cidade da música, pois eu queria ir ao Museu que existe ali dentro. Bem na saída do metrô, há um guichê de informações onde se pode pegar um mapa do local, mas há várias placas indicando como chegar a qualquer lugar dentro do parque. Adoro a organização francesa e a preocupação deles com o turista!


O museu é lindo! Conta a história da música desde o século XVII até os dias de hoje. Na entrada a gente recebe um fone de ouvido (só há em francês ou inglês) e, ao longo do percurso, vai ouvindo a história dos instrumentos e de como ele influenciou a vida das pessoas da época, além de se poder também ouvir o som produzido por cada instrumento. É maravilhoso! Dá pra ficar umas 3 horas ou mais lá dentro!


Seguindo as indicações das placas, fui caminhando até a Cidade das ciências e no meio do caminho, passei por um jardim de espelhos. São 28 placas de mármore com espelhos que refletem a paisagem local. O efeito é bem interessante!


Dali, caminhando mais um pouco chega-se ao rio que corta o parque. Há uma passarela para atravessá-lo, mas o que eu achei muito bacana é que as escadas da passarela têm, nas laterais, um apoio para quem vai de bicicleta poder subir e descer com sua magrela em ter de ficar pulando os degraus ou carregando a bike no ombro. Muito prático!



No meio do caminho entre as duas “cidades” há a Géode, uma bola gigantesca de aço inoxidável polido que abriga uma tela hemisférica de 1000 metros quadrados. É uma espécie de planetário onde se pode assistir a vários filmes e documentários, de acordo com a programação. Já que eu estava lá, resolvi ver um documentário sobre os Golfinhos. Realmente a tela impressiona de tão grande e, ao ver o filme, dava a sensação de que eu estava dentro do mar! Um encanto!! Há muito anos, quando eu ainda estudava na Aliança Francesa, descobri La Géode e achei que seria muito interessante ver um filme ali. De fato, é! São 10,50 euros que valem a pena gastar, pois a sensação de estar dentro da tela é incrível! Os filmes são falados em francês e há audio-guia em inglês, apenas. Se você não entende nenhuma das duas línguas, talvez não valha a pena ir a La Géode.




Ao sair já estava tarde para eu ir ao Museu das ciências, que fecha as 18h, então peguei o metrô na outra ponta do parque (estação Porte de la Villette) e voltei para casa. O dia hoje foi bem diferente, pois vi uma Paris moderna, com prédios de uma arquitetura arrojada e quase futurista. Nem parece aquela Paris dos cartões postais, no entanto, é bom descobrir que Paris é muito mais que um Arco e uma Torre, e melhor ainda é ter tempo para aproveitar essa cidade com toda a diversidade que ela oferece.



A Bientôt!

VIAGEM REALIZADA EM AGOSTO/SETEMBRO DE 2010
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