Sobre mim

Professora de formação. Viajante de coração.
Meus caminhos pelo mundo são feitos de história, poesia e felicidade. Descubro lugares e me descubro através das viagens.
Como diz o velho ditado: A gente só leva da vida a vida que a gente leva.

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domingo, 29 de junho de 2008

A música está em todo lugar


Saudações!

Conservatória foi um distrito muito rico nos áureos tempos em que o café era nossa "moeda forte" aqui no Brasil. Havia mais de 100 fazendas que plantavam o café e o escoavam pelo antigo caminho ferroviário que vinha das Minas Gerais e ia para a Corte, na cidade do Rio de Janeiro, de onde seguia para o porto e outras cidades do país. Essa cultura cafeeira utilizava largamente o trabalho escravo em suas lavouras e mesmo na construção de pontos que hoje são ícones do local como o "Túnel que chora", cujo nome se deve às gotas vindas da nascente sobre ele, que tem 100 metros de extensão e por onde trafegava a Maria Fumaça, hoje parada à entrada da cidade como atração turística. Em tempos remotos a Maria Fumaça puxava não somente vagões com a produção de café, mas também com passageiros e foi aposentada em 1960, após quase 80 anos servindo de interligação entre o vilarejo e os estados do Rio de Janeiro e Minas Gerais.
Também datam do século XVIII as construções de algumas casas em estilo colonial (e preservadas até hoje!) e cujas telhas foram feitas ainda nas coxas pelas escravas.

Em 2008 comemoram-se 130 anos de serenatas em Conservatória, desde que Andreas Schimidt, um professor de música, resolveu sair pela noite enluarada tocando seu violino e atraindo espectadores e posteriormente, adeptos. Hoje o distrito conta com pouco mais de 4 mil habitantes, muitos transformaram suas casas em pequenas pousadas que recebem o turista com um aconchego que só é possível em uma cidade do interior. Durante o dia, o turista pode desfrutar de diversas barraquinhas e lojinhas com artesanato local; doces; licores e queijos produzidos na região. Tudo isso brindado por um céu quase sempre muito azul, uma temperatura amena e a possibilidade de ser surpreendido por uma música conhecida em qualquer esquina.

A Bientôt!

Viagem a Conservatória confirmada!


Saudações!

Acabei de receber o email com a confirmação da minha reserva em Conservatória. Daqui a um mês estarei na cidade mais tranquila do estado do Rio de Janeiro.
Na verdade, Conservatória não é uma cidade, mas um distrito do município de Valença e fica no alto de uma serrinha muito simpática, cuja estrada é ladeada de placas com frases pinçadas de músicas famosas de seresta. Aliás, o lugar é famoso exatamente por sua singularidade:
Todos os fins de semana, na sexta-feira, há um encontro no Museu da Seresta (que fica bem no centro, facílimo de encontrar posto que o distrito parece ter apenas duas ruas, uma de ida e uma de volta) por volta das 21:30. Ali reúnem-se todos os cantores e aspirantes a cantores do lugar, além da enorme quantidade de turistas, para fazer o que mais amam: cantar! E apenas cantar!
São músicas de um tempo em que eu nem era nascida; músicas que nos fazem atravessar o túnel do tempo e voltar a um Rio de Janeiro dos anos 20, em que os homens usavam terno para ir à Confeitaria Colombo e as mulheres começavam a encurtar o cabelo numa singela tentativa de igualdade. Eram anos em que podia-se andar na rua sem medo de ser assaltado; em que podia-se acreditar na palavra das pessoas; em que o rádio era o aparelho mais desejado entre as famílias de classe média.
Por volta das 23:00 os seresteiros colocam seus chapéus, penduram seu violão no ombro e dão início à SERENATA AO LUAR, um dos movimentos mais lindos que já vi ! E o mais incrível: totalmente de graça! E lá vão eles, entoando canções de outrora, pelas ruas de Conservatória. Em cada casa há uma placa com o nome de uma canção. Ao passarem diante das casas, caso o morador se agrade do que ouve, existe um código: piscar duas vezes a luz de fora da porta; esse é o sinal para que os seresteiros saibam que aquele morador dormirá feliz ao som das belas músicas cantadas por vozes ora profissionais, ora amadoras.
Em geral o espetáculo dura em média de uma hora e meia a duas horas pelas ruas principais do distrito e termina lá pela 01:00 da manhã no mesmo ponto em que começou. Ao terminar, deixa um gosto de saudade, não apenas das cantigas ouvidas e cantadas com tanto sentimento, mas também de um tempo que passou (um tempo que eu nem vivi, mas do qual sinto imensa falta!).
Contudo o turista não precisa se preocupar, pois no dia seguinte, no mesmo horário, haverá outro encontro, provavelmente com as mesmas pessoas, em geral para cantar as mesmas músicas, mas com uma sensação deliciosa de que está sendo a primeira vez!

A bientôt!

Atualização: Desde o início de 2010 que os encontros para a seresta passaram a acontecer na Casa da Cultura, localizada ao lado da praça da Igreja Matriz. 
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