Sobre mim

Professora de formação. Viajante de coração.
Meus caminhos pelo mundo são feitos de história, poesia e felicidade. Descubro lugares e me descubro através das viagens.
Como diz o velho ditado: A gente só leva da vida a vida que a gente leva.

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domingo, 7 de agosto de 2011

Dificuldades de se visitar um país em crise


Olá, amigos!

Estou de volta ao Brasil, mas para chegar aqui foi muito complicado! Começou com a Air France adiando nosso voo de 23h20 da noite do dia 2 de agosto para 11h40 da manhã do dia seguinte, ou seja, mais de 12 horas de atraso. Como fomos avisadas, pudemos nos organizar e procurar outro hotel, mas eu soube de gente que descobriu que o voo tinha sido trocado lá no aeroporto.
Contaram que os mecânicos da Air France estão em greve há uns dois meses e os pilotos também resolveram fazer uma greve de um fim de semana para alertar que, daqui a pouco, vai ficar inseguro voar, já que não há manutenção mecânica!
Chegamos ao aeroporto as 8h40 da manhã e logo descobrimos que o voo tinha sido atrasado para 13h30. Ficamos mais de duas horas na fila do check-in, que estava uma confusão! Depois, ainda tínhamos que passar pela imigração e raio X, ou seja, mais uma hora de fila.
Passado tudo isso, fomos até a sala de embarque esperar, olhamos o freeshop e sentamos (no chão! já que estava tudo lotado!) para esperar abrir o embarque. De repente, a tela que indica o voo mostrou que ele não sairia mais às 13h30 e sim às 14h15. Na verdade, só levantamos voo mesmo às 14h40, ou seja, desde que chegamos no aeroporto, esperamos 6 horas até conseguirmos embarcar!!! Isso nunca tinha acontecido comigo! Nem na França, nem em Buenos Aires e nem no Brasil!
O voo em si foi tranquilo, sem turbulências, mas eu descobri, em conversas pelos corredores, que naquele voo só tinha gente de voos anteriores, ou seja, todo mundo que estava ali, tinha comprado passagem para outro voo e acabou indo parar naquele voo que estava lotadíssimo!
Chegamos ao Brasil e fomos para a esteira esperar nossas malas que demoraram quase uma hora para chegar! Como o Brasil pretende sediar uma Copa do mundo e uma Olimpíada com essa estrutura de aeroporto?? Tenho pena dos estrangeiros que virão para cá.

Aliás, esse ano a Europa estava muito diferente dos outros anos. Depois das guerras árabes em que refugiados foram pedir asilo em diversos países europeus, depois das novas medidas econômicas de países como Espanha, Itália e Portugal para que sua economia não quebre e depois que o índice de desemprego chegou a alarmantes 20% em vários países europeus, começou a ficar complicado viajar para o velho continente.
É claro que isso é uma visão pessoal de alguém que não se interessa em ver a desgraça alheia para tirar proveito. Muitos brasileiros vão adorar ir para a Europa agora, onde tudo está barato e o euro está acessível, entretanto, eu via nas ruas, nos metrôs, restaurantes e lojas a insatisfação do povo, o medo estampado nos olhos de se perder o emprego, o desespero de pessoas que não tinham mais onde morar e acampavam nas praças. É muito triste ver um continente inteiro que tem um potencial cultural tão maravilhoso, ficar assim, jogado aos desígnios das bolsas de valores e políticos inescrupulosos, tanto quanto os nossos, pois, acreditem, na crise, não existe político honesto em lugar nenhum do mundo. A política do "farinha pouco, meu pirão primeiro" está em todo o ocidente.
Vi muitos mendigos em Paris, muitos pedintes na Espanha, inúmeras manifestações por melhorias nas condições de vida das pessoas, fui alertada (mais de uma vez) a tomar cuidado com meus pertences pois havia muitos ladrões por lá.
A globalização me mostrou ali o seu lado nefasto, onde o desemprego reina entre os jovens, onde a perspectiva de melhoria é nula. Vi ali, naquela Europa de 2011, um pouco do que eu via no Brasil dos anos 80 e fiquei triste. Não tanto por eles, mas por perceber que aquela ilusão que nós temos de que na Europa tudo é diferente, não passa mesmo de uma ilusão.
Só o que resta ali na Europa, de diferente, e que eu ainda pude perceber, é a confiança nas pessoas. Lá ainda se confia na palavra do outro. Basta dizer que as pessoas pressupõe que aquilo é verdade. A pergunta é: até quando isso vai durar?

VIAGEM REALIZADA EM JULHO DE 2011
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