Bonjour, amigos!
Hoje acordei super cedo pois havia comprado um passeio ao
Mont Saint Michel pela agência France Tourisme (33, Quais des Grands Augustins)
para hoje e sairíamos às 7h15 da manhã lá da porta da agência que fica a uns 10
minutos a pé daqui do apartamento.
Saí de casa ainda era noite. Muito diferente ver Paris antes
dela acordar. Tudo fechado, pouca gente
na rua, quase nenhum carro, só uns pobres mortais encasacados indo para trabalho (lembrei da época em que eu pegava no
trabalho às 7h30 da manhã) e eu ali naquele vento da beira do Sena indo para a
agência. Cheguei lá e ela estava fechada. Preocupei, mas sentei na mureta e
fiquei esperando. Uns 5 minutos depois chegou um casal de japoneses, depois um
outro de nacionalidade que não consegui identificar, depois mais um casal
mexicano e por fim, uma senhora também mexicana. Às 7h10 a menina veio abrir a
agência, conferir nossos bilhetes e dar o aval para o motorista. Entramos os 8
malucos numa van, às 7h20 da manhã, num frio danado, indo para um lugar ainda
mais frio que era o Mont Saint Michel.
O motorista falava inglês e espanhol (pra variar, eu era a
única do grupo que não falava inglês, mas apesar dos mexicanos falarem, eles se
sentiram mais a vontade falando espanhol, o que fez eu não me sentir tão
estranha no ninho). São mais de 3 horas até lá! Muito chão! Paramos num posto
de gasolina para tomar um café e ir ao banheiro e depois, pé na estrada. Dormi,
acordei, dormi de novo e ainda estávamos no caminho!
Finalmente depois de quase 4 horas de viagem, chegamos ao
estacionamento que fica bem distante do Monte propriamente dito (antigamente os
carros podiam chegar até bem perto, mas por causa do peso na ponte que dava
acesso ao lugar, eles resolveram proibir os veículos de irem até lá). Dali
andamos mais ou menos 1 quilômetro até um ônibus gratuito que nos deixa mais
perto do monte. Ainda assim, andamos mais 1 quilômetro. Finalmente, lá estava ele!
O frio até que deu
uma trégua e não estava tão absurdo como achei que poderia estar, só uma blusa de manga comprida de lã e um casaco deram conta . O motorista
nos deixou no início da subida, nos deu o ingresso da Abadia, ao qual tínhamos
direito ao comprar o passeio e foi embora. Disse que nos encontraria no carro
às 16h. Eram 12h e teríamos bastante tempo para ver tudo, pois na verdade, não
há muito o que ver, além da Abadia.
A história do Monte é a seguinte: Em 708, o bispo de Avranches,
depois de um sonho, mandou construir um santuário para Saint Michel no topo do
Monte. A partir daí, o lugar passou a ser um local importante de peregrinação e
no século X os beneditinos foram para a abadia. Foi só então que se desenvolveu
a aldeia no sopé do monte. Por conta de suas muralhas e também das marés que
sobem numa velocidade incrível, o Monte era considerado um Forte quase
impenetrável, tanto que durante um tempo, ele funcionou como prisão. Em 1979,
tornou-se patrimônio mundial da Unesco.
O lugar é bonito, não há dúvida, mas eu esperava um pouco
mais, principalmente do seu entorno. Achava que existiam várias ruazinhas antes
de se chegar ao topo, mas na verdade existe apenas uma rua onde se concentra o
comércio da região, com restaurantes, lanchonetes e aquelas lojinhas de
lembrancinhas do tipo “viu uma, viu todas”. O passeio é bonito e cansativo (sobe, sobe e sobe!). Cheguei ao
topo e fui visitar a Abadia chamada de “La merveille” (em francês, significa “a
maravilha”), porém, eu esperava algo mais suntuoso, mais maravilhoso (acho que
tenho que parar de ter expectativas sobre os lugares, talvez assim eu aproveite
mais as visitas), mas de qualquer maneira, rendeu belas fotos. Pena que hoje
não tinha maré alta, então só se via um grande pântano em volta do monte.
Estão fazendo uma grande obra no Monte, com a intenção de
construir uma ponte mais alta e uns diques que consigam controlar a força das
águas para que elas não destruam tudo.
Depois da Abadia, fui passear na única ruazinha do lugar,
fui às lojinhas, especialmente a “Le mére Poulard” que é restaurante de um lado
e loja do outro. Essa é a marca mais famosa daqui. Conta a lenda que a senhora
Poulard abriu um restaurante para receber os peregrinos e servir a eles um omelete
que era fonte de energia, fácil de fazer e podia ser feito a qualquer hora do
dia ou da noite. Esse omelete ficou famoso e hoje em dia é a marca registrada
do Monte. Eu acabei nem comendo, pois o achei caro e vi que ele era meio mole
por dentro, então achei melhor comer um crepe mesmo. Mas comprei os caramelos
de manteiga salgada que também são típicos da Normandia.
Tirei muitas fotos, encontrei dois casais de brasileiros
pelo caminho com quem conversei um pouco, fui ao “Museu do mar e da Ecologia”
que conta toda a história do Monte, da sua flora, sua fauna, da Mére Poulard e
ainda tem uma exposição de diversas embarcações interessantes.
Na saída, reencontrei o casal de mexicanos que vieram comigo
e fomos juntos até o estacionamento, o que foi ótimo, pois conversamos um pouco
e treinei meu “portunhol”. Descobri que me comunico melhor em francês, embora
entenda bem melhor o espanhol. Mais 3
horas para voltar, já de noite, e como os radares não funcionam na estrada à
noite, o motorista sentou o pé e mesmo com a parada no posto, fizemos em menos
de 3 horas!
No geral, o passeio foi bom. Eu queria muito conhecer o Mont
Saint Michel e foi um sonho realizado, mas estou com a sensação de não estar
tão feliz com essa viagem como estive das outras vezes. Talvez tenha a ver como
o clima, já que o frio traz em si uma certa melancolia.
A Bientôt!
VIAGEM REALIZADA EM NOVEMBRO DE 2012