Imagine este blog como um laboratório de química: são muitas informações, sendo algumas conflitantes, algumas explosivas, algumas sem efeito, mas que no fim, acabam se transformando em um fantástico experimento! Viajar foi, sem dúvida, o melhor experimento da minha vida!
Sobre mim
Professora de formação. Viajante de coração.
Meus caminhos pelo mundo são feitos de história, poesia e felicidade. Descubro lugares e me descubro através das viagens.
Como diz o velho ditado: A gente só leva da vida a vida que a gente leva.
segunda-feira, 10 de junho de 2013
Quero minha igreja de volta
Bonjour, amigos!
A Paris de que me lembro é sempre ensolarada. Conheci Paris no verão. Era julho e haviam acabado de montar a "Paris Plages", um evento anual curioso que traz para a cidade a aura dos dias quentes na praia, sem que, contudo, haja praia em Paris. E se ela não existe, por que não criá-la, ali, bem às margens do rio Sena? É divertido passar a tarde lendo nas espreguiçadeiras e vendo as crianças correndo e montando castelinhos com aquele areia que, de fato, nem pertence àquele lugar. A "Paris Plages" é um evento temporário e não descaracteriza a beira do rio. É diferente, é interessante, mas não dura muito.
Paris se apresentou para mim assim: linda, quente, dourada de sol e com muitos turistas sorridentes e felizes. E também foi assim que me acostumei a admirá-la, afinal, foram alguns anos indo a Paris sempre na mesma época do ano e sendo brindada com essa magia que a cidade exala no verão.
É estranho ver Paris nublada, fria e melancólica. Ruas vazias, céu cinza e vento cortante. Eu não reconheço essa Paris triste, com pessoas vestidas todas de preto ou cinza andando apressadas para fugir daquele ar frio que machuca os ossos. Essa, definitivamente, não é a minha Paris. A minha tem cores, tem azuis, amarelos, alaranjados, rosados e verdes. A minha Paris tem turistas de todas as etnias lotando suas ruas e tirando milhares de fotos, tem o bom humor dos franceses (que só aparece no verão) com sorrisos e solicitudes. Todos sempre tão dispostos a ajudar. Na minha Paris o dia amanhece as 6h mas o sol só se põe às 22h. É uma Paris de dias longos e bem aproveitados. É uma Paris com música nas ruas, nos metrôs, nas pontes. É uma Paris onde os artistas de ruas se apresentam até meia noite e trazem felicidade para tantos turistas que, como eu, nunca viram isso em seu país.
E, principalmente, a minha Paris tem uma Notre Dame imponente e que ocupa todo o centro da Île de la Cité e não essa Notre Dome acanhada em frente a uma estrutura que criaram para transformar aquele lugar num palco das comemorações pelos 850 anos da Igreja. Concordo que há motivos para comemorações, mas sem descaracterizar o local, que, infelizmente, foi o que aconteceu. Ali, onde se ficava sentado observando a grandiosidade da mais bela igreja gótica de Paris, onde alguns artistas faziam pequenos shows com fogos de artifício, agora existe uma espécie de arquibancada, onde se pode subir e ver a Notre Dame de um novo ângulo, mais alto, porém, ficou impossível tirar foto com toda a igreja ao fundo. Espero que isso seja provisório e que, passadas as comemorações, minha Notre Dame volte a ser como era, até porque, o que sempre me encantou em Paris foi justamente esse quê de passado que ela carrega mesmo estando em pleno século XXI. Não é muito difícil, vendo a Paris de hoje, imaginar como era a Paris do século XIX com seus escritores e pintores boêmios, suas dançarinas de cabarés e seus carruagens passeando pelas ruas. Paris pouco mudou desde que o barão de Haussmann foi prefeito da cidade entre 1853 e 1870. E é nisso que reside parte do charme da cidade. Torço para que a Notre Dame volte a ser a Igreja que sempre foi desde a reforma de Viollet-le-Duc no século XIX, reforma esta que acrescentou à estrutura da Igreja o que hoje é um de seus maiores símbolos: os gárgulas.
A Bientôt!
VIAGEM REALIZADA EM JUNHO DE 2013
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terça-feira, 4 de junho de 2013
A Paris do cinema e da vida real
Acho que eu me encantei
por Paris muito antes de, de fato, me encantar por Paris. Eu tinha
uns 14 ou 15 anos quando li “O corcunda de Notre Dame” e era ali
que eu estava me apaixonando por Paris sem perceber. A falta de
percepção se devia principalmente ao fato do meu coração
pertencer à Veneza.
Ah, Veneza...
A cidade mais romântica
do mundo que me encantou através de um filme que, curiosamente, era
passado em Paris. O nome do filme? “Um pequeno romance” com Diane
Lane (que bem mais tarde viria a protagonizar “Sob o sol de
Toscana”) e Sir Laurence Olivier. Filme adolescente e até meio
bobo, mas na época, eu também era adolescente e boba, e por isso
me identifiquei completamente com os personagens.
A história é a
seguinte: Dois jovens de 13 anos se conhecem em Paris. Ele, francês.
Ela, americana. Nasce uma paixão entre eles, principalmente pelo
fato de ambos se sentirem diferentes dos adolescentes de sua época.
A mãe dela não aprova o namoro e, ao descobrir que o pai seria
retransferido aos Estados Unidos, ela decide fugir com o rapaz para
Veneza para que pudessem fazer cumprir uma lenda que ouviram de um
velho amigo que conheceram acidentalmente.
A lenda dizia que se
dois amantes se beijassem numa gôndola, sob a ponte dos suspiros,
no pôr do sol, quando tocassem os sinos do campanário, eles se
amariam para sempre.
O filme continua com a
saga dos dois tentando concretizar essa lenda.
É um belo filme,
embora bem açucarado (mas eu adoro filmes carregados de açúcar).
Ali eu descobri Veneza e descobri o óbvio: era a cidade mais linda
do mundo! Passei quase 25 para concretizar o sonho de conhecê-la, e
para ter a plena certeza de que tudo o que eu vira no filme é
verdade: Veneza é uma cidade de sonho!
Contudo, bem antes de
eu vivenciar esse sonho, fui a Paris, assim, meio sem pretensões de
me encantar pela cidade. Na verdade, ela era a paixão da minha mãe
e como eu havia estudado francês, achei que seria boa ideia conhecer
a tal cidade da qual tantos falavam.
Quando cheguei a Paris
e me deparei com o Notre Dame, aquela do livro que eu lera há muito
tempo atrás, quase não contive as lágrimas! Foi uma visão
inesquecível. Foi ali, naquele momento, que Paris virou meu grande
amor! Era como se a literatura, que é algo tão abstrato, pudesse se
tornar concreta ali naquelas paredes, naquelas torres, naquele chão.
Veneza foi uma paixão
(que ainda aquece meu coração vez ou outra), mas amor mesmo eu
sinto por Paris. Aquele lugar para onde quero voltar sempre, aquela
cidade onde me sinto confortável, onde me sinto em casa mesmo sendo
turista. Veneza é uma cidade de sonho e Paris é a cidade real! Uma
cidade onde se pode viver, onde se pode existir!
É claro que eu não
moro em Paris e talvez nunca more, portanto, minha visão é única e
exclusivamente a visão de uma turista que volta lá todo ano ávida
por mais um pouco daquela sensação de felicidade. Não tenho a
visão de uma local e nem sei se quero ter, porque temo que isso tire
um pouco desse encanto, desse deslumbramento tão gostoso de sentir
cada vez que volto à Paris. Ser turista em uma cidade onde me sinto
tão “em casa” é maravilhoso!
Veneza me encantou por
sua peculiaridade. É uma cidade única no mundo, mas Paris me pegou
pelo seu dia-a-dia, e sem que eu percebesse, já estava amando esse
lugar tão mágico, que Wood Allen soube traduzir tão bem em seu
filme “Meia noite em Paris”.
Sou deslumbrada por
Paris sim, mas só quem foi lá e se permitiu sentir a aura da cidade
sabe do que eu estou falando e compartilha secretamente desse
deslumbramento. Quem nunca foi não faz ideia do que é Paris, não
faz ideia do que é andar por aquelas ruas, sentir aqueles cheiros,
ver aquelas cores nas vitrines, nos parques, nas construções. Ir a
paris é poder andar, ao mesmo tempo, no presente e no passado, em
uma cidade super atual que conserva seu fascínio dos séculos
anteriores. Quem nunca foi a Paris só tem duas alternativas:
desdenhar de quem foi ou se render aos encantos da cidade-luz e pegar
o próximo avião em busca do seu universo paralelo.
Boa viagem!
quarta-feira, 9 de janeiro de 2013
Gardel: um ícone da cultura portenha
Hola, amigos!
Hoje acordamos mais tarde que de costume, pois estávamos um tanto cansadas de tanto andar em Colônia naquelas ruazinhas com calçamento pé-de-moleque. Pegamos o metrô para irmos ao bairro de Abasto onde está a Casa-museu Carlos Gardel ( calle Jean Jaurés, 735. Funciona segundas, quartas e sextas de 11h às 18h e sábados e domingos, de 10h às 19h.). Eu já conhecia esse pequeno museu que foi, na verdade, a casa onde o cantor morou até sua morte em 1935 num acidente de avião.
Bairro Abasto com homenagem a Carlos Gardel |
Lá dentro está a mobília dele, discos, filmes, revistas e jornais da época. É bem interessante para quem quer conhecer um pouco mais desse ícone do tango portenho.
Gramofone de Gardel |
Sorriso de Gardel: um símbolo do cantor |
Escritório de Gardel |
Banheiro de Gardel com seus apetrechos de barba |
Muito interessante também é observar o bairro de Abasto com seus filetes, um tipo de pintura característico daqui e nas ruas do entorno da casa de Gardel há músicas decorando as paredes das casas e o chão. Lembra um pouco o bairro carioca de Vila Isabel. Gostei bastante.
Pintura chamada de "Filete", um símbolo do bairro e posteriormente, de Buenos Aires |
Música no muro |
Música na calçada |
No dia seguinte foi nosso último dia em Buenos Aires então decidimos ir ao "El Ateneo", aquela livraria deliciosa que era um teatro antigo. Passamos algumas horas por lá, inclusive almoçamos lá mesmo. Comida deliciosa e nem era tão caro quanto eu imaginei que poderia ser.
Livraria El Ateneo |
Comida deliciosa no Ateneo |
De lá fomos passear um pouco na Avenida Corrientes pois eu queria procurar umas lojinhas estilo brechó que eu conheci em 2009, mas elas não existiam mais. A crise deve ter acabado com elas. Aliás, a crise econômica aqui em Buenos Aires está fortíssima e acho que vou passar, pelo menos, uns 2 anos sem voltar. Tudo está caro demais. Uma pena porque adoro essa cidade e fico triste de ver a decadência de um lugar que tinha tudo para ser maravilhoso.
Fomos para a casa para arrumar as malas, pois no dia seguinte teríamos uma longa espera no aeroporto.
Voltamos para o Brasil um pouco mais tristes de ver que os paraísos vão se esfarelando. Foi com essa sensação que voltei de uma Buenos Aires mais suja, mais violenta, mais cara. Realmente acho que "olhos de primeira vez" nos deixam meio cegos para as mazelas dos lugares que só conseguimos perceber depois de ir muitas e muitas vezes lá. Mas a despeito disso tudo, continuo amando Buenos Aires.
Até a próxima!
VIAGEM REALIZADA EM DEZEMBRO DE 2012
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