Bonjour, amigos!
Já faz muito tempo que não apareço por aqui e não pretendo reativar esse blog nos moldes em que ele foi um dia, porém, atendendo a pedidos de uma grande amiga, resolvi fazer um post sobre minha última viagem na qual conheci Estrasburgo, cidade da região da Alsácia, na fronteira da França com a Alemanha.
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Um pedaço da Alemanha dentro da França |
Chegamos a Estrasburgo em um junho quente (muito quente!), num mês em que o fenômeno El Ninõ resolveu assolar a Europa e deixar todas as cidades fervendo mais que o inferno. A Gare de lá é pequena e, ao sair, consultei o Google Maps para saber para que lado eu deveria ir para chegar ao nosso hotel. Era perto e dava para ir a pé. Ficamos hospedadas no Aparthotel Adagio Access Strasbourg Petite France, que, como o nome já diz, é um aparthotel. E por quê? Porque ele possui cozinha e, com isso, poderíamos cozinhar em alguns dias e fazer café da manhã todos os dias barateando, portanto, os custos de uma viagem que se paga em euros.
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Cozinha bem equipada |
Para brasileiros talvez seja difícil entender essa mentalidade, pois aqui a comida comprada no mercado pode ter o mesmo preço daquela que se come em restaurantes mais populares, porém, na Europa, via de regra, comprar em mercado sai MUITO mais em conta que comer fora. Além de ter outras vantagens como a de me fazer sentir como uma local e de poder experimentar comidas diferentes e deliciosas!
Esse hotel faz parte da rede Adagio que existe em outras cidades da França (não sei se existem fora de lá também). Eu ja havia ficado em aparthoteis dessa rede em Paris e em Nîmes e havia gostado muito, então, dessa vez, não tive dúvida: essa seria nossa melhor escolha e esse hotel, em particular, além de ter um quarto bem espaçoso e uma cozinha muito bem equipada, também ficava, ao mesmo tempo, próximo da Gare (uns 750 metros) e próximo do Centro da cidade, onde estão as principais atrações. O staff era muito simpático e nos informou que havia um mecado bem na rua de trás, onde compramos nossos mantimentos para a semana que ficaríamos por lá.
Não vou fazer um post diário, contando os pormenores da cidade, pois já não tenho mais essa vontade aqui no blog, mas vou resumir nossa passagem em terras alsacianas.
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Parece a mesma foto de cima mas não é, toda a cidade é lindinha assim mesmo |
A cidade é linda! Muito bem cuidada, muito florida, cheia de construções históricas e de pitorescas casinhas em enxaimel. Parece um cartão postal! Só isso já valeria a visita. Mas ela tem algumas atrações bem interessantes como um bairro chamado Petite France que é visita obrigatória para qualquer turista. Lá estão as Pontes Cobertas (que já não têm mais cobertura) e é ali também que o rio se divide em quatro, porém, só um desses braços é navegável. Caso vc tenha tempo, faça o passeio de barco (Batorama) que é bem bacana e tem audioguia em vários idiomas (incluindo português de Portugal) contando a história do rio e da cidade que ele atravessa, além de uma experiência interessante em atravessar a eclusa que é, sem dúvida, o ponto alto do passeio. O passeio custa 15euros e pode ser comprado na praça principal em frente a Catedral de Notre Dame.
Aliás, essa catedral é um caso à parte. Ela foi construída entre os séculos XI e XV. Dentro dela há um relógio
astronômico fabricado em 1547. A entrada da catedral é gratuita, porém, se vc quiser ver esse relógio funcionando vai ter de desembolsar 4 euros por pessoa e ficar em uma enorme fila para conseguir comprar o ingresso e em outra fila maior ainda para poder entrar, pois durante o funcionamente do relógio só entra na igreja quem tem ingresso. Ela fica fechada para o público não pagante. Minha opinião sincera é que NÂO VALE A PENA. Explico: o relógio em si é lindo! Super detalhado e vale a pena entrar (na hora em que a catedral ainda é gratuita) e tirar muitas e muitas fotos dele. Realmente é um trabalho admirável. Entretanto...pagar 4 euros (hoje seria mais de 20 reais) para ver o mecanismo funcionando é que não vale a pena, pois vamos lá com uma expectativa enorme de ver algo muito interessante, mas a verdade é que vc fica 30 minutos de pé, vendo uma projeção de um filme que é falado em francês (com legendas em inglês e alemão) que conta toda a história da confecção desse relógio e todos os mecanismos que um dia ele teve. Nesse momento a gente vai criando mais e mais expectativas de como deve ser bacana ver tudo aquilo funcionando. Só que, na verdade, o funcionamento dele dura uns 2 minutos, se tanto. É apenas um desfile dos apóstolos diante do Cristo, que os abençoa três vezes, antes de abençoar os
espectadores e um galo que canta 3 vezes em alusão à negação de Pedro. E fim. Acabou! A gente paga 4 euros, espera quase duas horas, entre filas e a projeção do filme, para no fim ter 2 minutos do mecanismo funcionado. Decepcionante!
E o pior é ver a reação de todos ali, incrédulos de que já havia acabado, de que era só aquilo mesmo.
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A fachada da Catedral |
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O relógio |
Mas a Catedral vale a pena ser visitada. É muito bonita. Ela levou mais de dois séculos para ser construída, sendo concluída em 1439 no estilo gótico com algumas partes mais antigas seguindo o estilo romanesco. Porém, para o relógio, vale a pena somente ser visto, mas não pagar para ver seu parco funcionamento. A sensação que tenho é que antigamente ele funcionava melhor, talvez por mais tempo e com mais mecanismos funcionando, mas eu fiquei bem chateada de ter perdido meu tempo e meu dinheiro para ver o que eles estão apresentando agora.
Saindo da catedral, bem ao lado dela, fica a casa Kammerzell que é considerada a jóia da
arquitetura de Strasbourg. O prédio é de
1589 e tem 75 janelas decoradas. O nome
Karmmerzell vem do proprietário que a comprou no século XIX, Philippe-François
Karmmerzell. Porém, desde 1879, o local pertence a cidade. Hoje abriga um
restaurante, que apesar de ser bem turístico, tem uma excelente comida.
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Restaurante Casa Kammerzell |
Outro passeio bacana que fizemo foi o trenzinho que sai também do centro da cidade, nas laterais da Catedral. Ele tem 2 circuitos: um mais turístico que passa pela Petite France e outro menos turístico mas igualmente interessante. O ingresso custa 8 euros por pessoa, o passeio dura de 30 a 40 minutos e tem audio guia em vários idiomas explicando tudo, incluindo português de Portugal. Para quem não gosta ou não pode andar muito é uma ótima maneira de conhecer o melhor de Estrasburgo.
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O trenzinho |
Ainda na Praça da Catedral, existe ali ao lado o Palácio de Rohan, inspirado em palacetes parisienses do século XVII e que abriga 3 museus: Belas Artes; Artes Decorativas e Museu Arqueológico. Os dois primeiros custam 7 euros e o último custa 3,50. Todos têm desconto para pessoas acima de 65 anos. Fecham na terça e na quinta. Fomos apenas no de Belas Artes. É interessante se vc gosta de museu, mas caso contrário, não vale tanto a pena assim.
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Entrada do Palácio Rohan |
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Os 3 museus que existem no Palácio Rohan |
A 200 metros a pé da catedral está a Place Guttemberg que tem uma estátua em homenagem ao
inventor da imprensa, que morou em Estrasburgo de 1434 a 1444. Embora ele não
tenha criado a impressa na cidade, foi lá que ele desenvolveu o processo. A
estátua divide o espaço com um carrossel, que dá um ar mais bucólico à
praça e no qual andamos porque sim, adultos também andam em carrossel para deixar feliz a sua criança interior!
Além dos passeios que mencionei, também andamos muito pela cidade, tanto a pé como de bonde e de ônibus. Aliás o trasnporte público de Estrasburgo é excelente. Há um bondinho com várias linhas, como se fosse um metrô de superfície, que vai para toda parte. Além disso, quanto mais tempo vc fica, mais barata é a passagem. Você pode comprar o bilhete unitário, por dia, para 3 dias ou mais. E ainda existem os cartões recarregáveis. Se vc vai ficar alguns dias, vale a pena ver o tipo de bilhete que melhor se adequa ao seu uso. Mas todos ele podem ser comprados nos pontos de bonde, onde há máquinas para isso. Só não esqueça de validar seu bilhete nas outras máquinas que ficam ao lado da de comprar. Os bondes não têm catraca mas se o fiscal te pegar dentro dele sem ter validado a passagem no ponto a multa é salgada. No caso dos ônibus, a validação se dá na máquina que fica dentro do veículo ao lado do motorista. E como aprender qual deles vc tem de pegar? Eu baixei um app no celular chamado CTS (https://www.cts-strasbourg.eu/fr/se-deplacer/info-trafic/?line=L1) que é de trasnporte público da cidade e funciona muito bem, mas vc também pode usar o CityMapper.
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Mapa no bonde e suas linhas. Excelente transporte público na cidade |
Nossa alimentação foi muito feita no hotel por motivos já mencionados, porém, em alguns dias fomos almoçar ou jantar na cidade e eu recomendo 3 restaurantes:
1- Aquele da casa Kammerzell que mesmo sendo turístico não é absurdamente caro. O atendimento é excelente e a comida é deliciosa. O pato que pedi lá estava delicioso! Aliás, se tem uma coisa que é bom comer na França é pato. Sempre delicioso, tanto o confit de canard (coxa do pato) como o magret de canard (filé do pato).
2- Flam’s, restaurante que fica na 29 rue
des Frères. É um restaurante especializado em tartes
flambées. Flammeküeche, nome no dialeto
alsaciano, ou, em francês, tarte flambée (Flam): trata-se de uma torta de massa
leve, feita com cebolas, bacon e crème fraîche – um tipo de molho branco, que é
assada no forno a lenha. Existem as versões doces também. Algo que lembra bem de leve a nossa pizza aqui no Brasil, porém, bem fininha, quase um biscoito, e com recheios bem diferentes, pois não leva molho vermelho nem queijo (a não ser que ele faça parte de algum sabor escolhido).
3- Au Vieux Strasbourg, restaurante que fica na 5, rue Maroquin. É um restaurante de comida tradicional da
Alsace, situado numa casa antiga e típica da região, perto da catedral. O atendimento é rápido e bem simpático.
Além disso, a Rue Maroquin é ótima para passear. Tem várias lojinhas e muitos restaurantes. Todos com cardápio na porta, onde vc pode ver o que servem e os valores dos pratos. Lembrando que se vc pedir apenas água como acompanhamento (chama-se "carrafe d'eau") não vai pagar pela bebida pois na França todos os restaurantes servem água da torneira (que é potabilíssima, não se preocupem!!!) geladinha na mesa. Para quem, como eu, não bebe refrigerante e nem praticamente nenhuma bebida alcóolica é uma economia e tanto!
Acho que é isso. Estrasburgo é uma bela cidade. Vale ser vistada (com ressalvas ao evento do relógio) e merece mais do que um bate e volta. Creio que uns 3 a 4 dias, no mínimo, para poder desfrutar de tudo de melhor que a cidade oferece. Espero que os leitores desse blog tenham gostado desse post-surpresa, em especial minha amiga Simone que tanto me pediu alguns registros dessa viagem. Não sei se vou voltar para escrever como foram meus dias em Paris, onde passei a outra parte dessa viagem, mas pelo menos Estrasburgo fica registrada!Inclusive, acabo de me dar conta que Estrasburgo é a quinquagésima cidade que registro aqui no blog. Exatamente no ano em que fiz 50 anos. Talvez haja algo de mágico ou místico nesses números ou talvez sejam apenas registros de uma viajante que ainda tem muito para ver nesse mundo!